O uso das redes sociais está cada dia mais presente no cotidiano das organizações da sociedade civil e dos investidores sociais. Nesse contexto, o programa Social Good Brasil surge como um movimento que pretende mobilizar um grande número de pessoas para o uso das novas tecnologias e das mídias sociais para alavancar iniciativas e projetos que visam a transformação social.
Em entrevista ao portal, a coordenadora do Social Good Brasil, Carolina de Andrade, explica como as mídias sociais têm mudado a forma de organizar mobilizações, divulgar informações e realizar trabalhos voluntários online. O programa foi criado pelo Icom - Instituto Comunitário Grande Florianópolis e pelo IVA - Instituto Voluntários em Ação. Segundo Carolina, as tecnologias de informação também permitem divulgar e promover os projetos das organizações sociais por meio dos recursos audiovisuais disponíveis nessas mídias e permitem a transparência, já que cada vez mais os processos e resultados são compartilhados pela rede. Entre os beneficiados pelo programa estão empreendedores sociais, lideranças comunitárias, estudantes, organizações não governamentais e empresas.
As
mídias sociais têm o poder de promover a transformação social?
As
mídias sociais, assim como outras tecnologias de conectividade, podem
alavancar causas de diferentes formas. Primeiro, oferecendo maior escala
por meio da mobilização de pessoas e recursos. Segundo, aumentando a
troca de experiências entre as pessoas que possuem expertises diferentes
e que podem contribuir para promover a transformação social. As mídias
sociais também ajudam a minimizar os gastos por meio de tecnologias de
baixo custo.
Como as novas tecnologias são usadas para
oferecer soluções aos problemas sociais?
As tecnologias de
videoconferência, como o Skype, são usadas em salas de aula,
revolucionando a educação, aproximando realidades e permitindo expandir a
perspectiva de crianças e adolescentes. As mídias sociais, como o
Twitter e o Facebook ajudam a engajar manifestos sobre determinados
temas. Além de mobilizar opiniões, a internet permite mobilizar
recursos financeiros de forma mais veloz. Também vale a pena citar os
games e animações em vídeo, que são cada vez mais usados para uma
educação divertida e engajada em causas sociais.
Quais
são os principais objetivos do programa?
O mundo mudou e as
novas tecnologias de conectividade alteraram a maneira como as pessoas
pensam e interagem. Estamos passando por uma transição de comportamento,
que estimula uma nova cultura digital. Nela, a liderança e o poder são
compartilhados - por estarem na ponta dos dedos de cada pessoa. Porém,
para acelerar esse processo e fazer uma transição de cultura e
empoderamento de pessoas e organizações, o programa tem três objetivos:
disseminar o conceito do uso das tecnologias de conectividade para a
mudança social, identificar e apoiar experiências inovadoras que sirvam
de exemplo e oferecer ferramentas e capacitações no tema.
Como
surgiu a ideia de implantar o programa no Brasil?
A ideia
de implementar o programa no Brasil surgiu em 2010, quando o Instituto
Icom - Comunitário Grande Florianópolis e o IVA - Instituto Voluntários
em Ação realizaram o primeiro seminário internacional sobre tecnologia
para transformação social, o TiB – Together is Better (junto é melhor). O
seminário serviu como experiência para perceber que era necessária uma
ação contínua que pudesse, de fato, causar transformações sociais de
impacto significativo. Simultaneamente, em setembro de 2011 ambas as
organizações participaram do Social Good Summit, nos Estados Unidos,
que reforçou a convicção de que poderia ser feito um programa com o
mesmo conceito no Brasil.
Quais são os exemplos de êxito?
Alguns
casos de êxito no Brasil são as plataformas de crowdfunding
(modelo de financiamento coletivo), que foram adotadas por diversos
grupos - principalmente na indústria de economia criativa. Algumas delas
são o Catarse, Movere e Benfeitoria. Nos Estados Unidos, vários outros
casos foram relatados no Social Good Summit. Entre eles a ONG CharityWater,
que arrecadou quase 6 bilhões de dólares em quatro anos de atuação, com
foco em mídias sociais.
Como se pode usar o programa?
O
programa surge com uma oportunidade de colaboração via mídias sociais.
Qualquer pessoa pode acessar a página no Facebook, Twitter e Slideshare,
e compartilhar o que está fazendo, conhecer outras pessoas e
organizações com interesses comuns que possam alavancar sua iniciativa.
Quais
são as perspectivas para o futuro?
Ao longo do ano, está
prevista a criação de uma plataforma virtual que conecte conteúdo e as
atividades no tema de tecnologias para a transformação social.
Lançaremos um desafio para identificar e apoiar experiências inovadoras.
Está confirmado um evento internacional nos dias 6, 7 e 8 de novembro,
em Florianópolis, Santa Catarina. Nesse evento, teremos a presença de
palestrantes internacionais e queremos replicar um ambiente de
colaboração em que os participantes também possam compartilhar suas
inovações. Acreditamos que isso é apenas o começo de um programa
colaborativo e com a cara dessa nova cultura digital.
Por: IDIS